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O que pode ser mais sagrado que o corpo?

As vestes, responderam.

Na última quinta-feira fui ao centro de umbanda, era gira de baiano, e a anfitriã da casa recomendou que nós visitantes nos atentássemos as roupas que vestíamos para evitar desconfortos no atendimento com os/as médiuns. Essa atenção vocês sabem, cobrir partes da carne que por sua vez é coberta por pele, que por sua vez incita o profano para grande parte das culturas religiosas.


Na gira anterior que eu estive, era de exu e pombogira, eu vestia uma camisa com botões que mostrava as partes de cima das tetas sustentada pelo sutiã. O chamado decote, né?! Mas antes eu vou contar que estar descoberta nem sempre foi "tranquilo". Eu quis que isso se tornasse tranquilo e trabalhei para me desvencilhar do meu próprio desconforto na minha própria carne.

Bem, eu passei na prosa com a entidade, era exu-mirim, tava sentade no chão com as pernas abertas, eu quis sentar no chão também já que sou do chão.

Mas não dava, eu tinha que sentar num banco porque os pés tinham que estar pisando dentro de um círculo com uma vela no meio. Nisso eu me curvava para conversar com a entidade que percebi fixar o olhar para ele, o decote. Eu levei minha mão aos primeiros botões da camisa e fechei mais uma casa. Simples.

A nossa prosa seguiu verdadeira, presente e respeitosa.


Duas coisas: o olhar da entidade era genuíno. Fechar uma casa de botão da camisa não foi desconfortável. Me senti dona da minha própria maneira de ser enquanto que era genuína a atenção do olhar daquela entidade em sua personalidade criança.


O corpo chama! Não tem jeito. A maneira como você vai conduzir a curiosidade do corpo que te chama é sobre VOCÊ e não sobre o/a OUTRE que te chama.

E é claro que o objeto de curiosidade da sua atenção também é sobre você e não sobre aquela carne.


Voltando a anfitriã da gira de baiano, que recomendou o recato, ela finalizou o recado com a seguinte frase: essa é uma prática sagrada.

Imediatamente eu soltei em voz alta: o corpo é sagrado! Só para quem estava ao meu lado ouvir. Saiu lá das minhas entranhas e eu pude perceber o quanto essa é uma verdade pra mim.


A imagem dessa publicação faz parte do meu projeto de fotografia artística, também posso chamar de fotoperformance, de nome Casautero, onde eu relaciono o corpo humano como a morada do ser e para experimentar esse argumento, com o meu corpo me aproprio de um imóvel em ruína tomado pela vegetação. Co relaciono o corpo nu com a natureza, onde um está para o outro sem hierarquias.







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